Para quando um Europeu de Clubes Oficial da UEFA?



O Futsal Feminino até pode estar grato à UEFA por este primeiro passo de criar um Europeu Oficial de Seleção, mas não podemos ficar por aqui, é extremamente necessário que a UEFA crie também um Europeu Oficial de Clubes com tudo aquilo a que este tem de direito.

Se é verdade que é melhor existir uma competição, mesmo que mal organizada, que não ter nada, não deixa de ser menos verdade que numa terceira edição as exigências organizacionais já deviam ser outras e é preciso coerência na hora de organizar uma competição destas para que as equipas olhem para a mesma como um grande objetivo da temporada.

Trazemos este texto apenas agora, alguns dias depois do término da competição, para que este não fosse levado como um discurso que apenas tivemos pelos resultados aquém do esperado, mas sim como um discurso pensado e fundado nos factos.

Realizou-se na passada semana a 3ª Edição do European Women’s Futsal Tournament, e tal como as duas anteriores, esta também deixou muito a desejar.

São já 3 as edições realizadas deste Europeu de Clubes em Futsal Feminino, e se em alguns aspetos a competição continua a evoluir, há vários pontos que precisam de ser revistos para que seja criada uma competição verdadeiramente fidedigna e onde qualquer equipa tenha condições para mostrar em campo que é realmente a melhor da Europa.

Hoje trazemos até si os problemas encontrados em cada uma das três edições, sendo desde logo difícil antecipar qual das 3 teve uma pior organização.

1ª Edição:

Esta edição de 2017 surgiu sobre iniciativa do Futsi Atlético Navalcarnero. O conjunto campeão em título da Espanha que tinha sido fundado em 1992, cumpria na altura os 25 anos de existência e para festejar lembrou-se de criar um torneio Europeu que não se limitasse a servir de comemoração, mas que tivesse seguimento. Até aqui tudo bem, o pior foi mesmo os moldes criados para este torneio.

Foram convidados os campeões de Portugal, Rússia, Itália, Ucrânia e Holanda, sendo divididos em dois grupos de 3 equipas, onde o vencedor de cada grupo disputava a final, o segundo classificado de cada grupo o 3º e 4º enquanto os últimos classificados jogavam o 5º e 6º lugar.

Até aqui tudo bem, mas os mais conhecedores da modalidade conseguem perceber quais as 4 grandes potencias que aí se encontravam. Portugal, Espanha, Rússia e Itália eram à partida os países que apresentavam melhores equipas e adivinhe? O campeão português, na época o FC Vermoim, ficou num grupo com as campeãs de Itália e Rússia enquanto o Futsi dividiu grupo com as campeãs Ucranianas e Holandesas. O resultado final foi mesmo uma vitória dum Futsi que até à final tinha feito 2 treinos mais intensos contra um Montesilvano bastante desgastado, e nos restantes jogos de atribuição de lugares, como previsto, venceram as russas e as portuguesas.

 

2ª Edição:

Depois do “sucesso” que foi a primeira competição, a Holanda propôs-se a organizar a 2ª Edição da prova e em 2018 lá foi o torneio realizado em neerlandesas.

Mantinham-se os mesmos países e o mesmo formato da primeira edição, mas desta feita os holandeses conseguiram equilibrar mais os grupos.

O Benfica, campeão português nessa temporada, encontrava as italianas do Olimpus e as campeãs holandesas do Drachtser, enquanto o Futsi Atlético (campeãs espanholas e campeãs em titulo desta competição), encontravam as russas da Universidade de Moscovo e as ucranianas do IMS. Dizemos sem sombra de dúvida que no que toca a divisão e equilíbrio de grupos esta foi sem sombra de duvida a melhor das 3 edições e neste aspeto não tinha qualquer critica a apontar, mas se pensavam que íamos ter um torneio em tudo justo estão muito enganados.

Como é normal num grupo de 3 equipas, uma equipa folga a cada dia e adivinhe-se? O Futsi Atlético folgou precisamente no 3º dia da competição, já com a final assegurada e à espera do rival que aparecia dum encontro nesse mesmo dia, realizado a menos de 24 horas da grande final, entre o Benfica e o Olimpus, as favoritas desse segundo grupo. O Benfica passou e mais uma vez notou-se a diferença física entre uma equipa que tinha 48 horas de descanso e outra que tinha menos de 24 horas e com um jogo bastante intenso.

Não queremos com isto questionar a qualidade do Futsi Atlético que conquistava nesta temporada o bicampeonato Europeu. Basta olhar para o plantel de luxo que esta equipa da capital de Espanha tem à sua disposição para se perceber que em qualquer uma das competições poderia sem qualquer problema ter vencido na mesma, mas a verdade é que estes factos vêm desmerecer um pouco estas conquistas.

 

3ª Edição:

 Chegámos então a 2019 e conseguimos ter a mais polémica das três edições da prova.

Ainda nem sequer tinha começado e esta competição já estava cheia de polémicas com o desentendimento entre o Ternana e o Roldan que ambas queriam organizar e acabou por ser a Espanhola a levar a melhor.

O Ternana não aceitou este regresso da competição a Espanha e logo se começaram a criar duas competições paralelas, e outra bronca chegava. O Ternana afirma ter aceite o convite no prazo definido pelo Roldan para participar nesta competição, mas as campeãs espanholas afirmam que isso não aconteceu e convidaram as italianas do Kick Off. A Divisione Calcio a Cinque ficou do lado do Ternana e mesmo agora depois da competição terminada movem-se alguns processos, está instalado o caos. Muitos acreditam até que este desentendido é uma retaliação do Roldan ao Ternana por estas lhe terem roubado a craque brasileira Vanessa no inico da temporada, algo que contudo não passa para já de pura especulação, mas tirando estes problemas organizacionais, vamos ao jogo em si para percebermos como se conseguiu ir buscar o que se tinha feito de mau na primeira edição e na segunda e criar esta competição.

O formato manteve-se, mas o número de equipas aumentou. Dois grupos de quatro equipas, sendo então convidadas para alem das habituais, representantes de Polónia e Croácia. Para que este texto não pareça apenas um ataque ao Futsi, que não o é, deixamos agora um ponto a favor deste conjunto. Se queriam alargar a competição, o mais justo não seria que uma das equipas convidadas fosse a atual campeã em título para que esta pudesse defender este troféu?

Olhando para a distribuição dos grupos voltamos um pouco à primeira edição. Apesar do cuidado em distribuir Portugal e Itália num grupo e Espanha e Rússia no outro, conseguiram depois juntar as holandesas e ucranianas (mais habituadas a esta competição) no grupo do Benfica e do Kick Off e meter as duas estreantes no grupo das espanholas.

Até aqui já mostra um pouco o amadorismo com que foi criada e que a vontade de ganhar vai contra qualquer ética, mas isto não foi o pior. O calendário apareceu e voltou a desaparecer para ser postado um novo. Olhando para o calendário final, víamos um Jimbee Roldan (Espanha) a defrontar o FC Aurora (Russia) logo na primeira jornada, enquanto as cabeças de serie do outro grupo, novamente as portuguesas do Benfica contra as representantes italianas, desta feita o Kick Off, se defrontavam no dia antes da final e mais uma vez a menos de 24 horas da final. Venceu o Kick Off que chegou à final como é obvio bastante mais desgastado que um Jimbee Roldan que desde a vitória no primeiro dia sabia que estaria na final e conseguir rodar a sua equipa contra os conjuntos mais fracos do torneio, isto porque mais uma vez, nos jogos de atribuição da classificação final, tirando no jogo da Final, todos foram vencidos pelas equipas do Grupo das campeãs portuguesas.

 

Como melhorar?

Pois é, isto não passa de uma opinião e cada um deve ter a sua e devem existir bastantes opiniões diferentes de fazer isto, mas certamente ninguém achará que esta opinião é ridícula e injusta, até porque os apaixonados pelo futsal feminino em geral já exigem que algo seja feito.

Porque não se criam cabeças de serie, 2ª cabeças de serie, 3ª cabeças de serie e 4ª cabeças de serie e se faz um sorteio bastante mais condicionado, mas bastante mais justo?

E já agora, cria-se logo uma matriz onde ficam definidas as jornadas onde todos os jogos estão definidos e são iguais para os dois grupos, ou seja, os cabeças de serie jogam contra os 2º cabeça de serie no mesmo dia, para não haver esta diferença de descanso.

Finalizamos ainda com algo que também deve ser alterado. Os árbitros. Sabemos que logisticamente é mais acessível criar uma competição com árbitros locais mas isso vai desvirtuar um pouco a competição, e prova disso são os 2 livres de 10 metros que aconteceram este ano no jogo entre o Jimbee Roldan e o Aurora que ditaram uma reviravolta das espanholas e que melhor que eu estar aqui a explicar é mesmo ir ver e tentar perceber.

Sabemos que principalmente esta parte da arbitragem fica difícil quando a organização é local, e sabemos que quem organiza vai ter sempre vontade de desequilibrar as coisas a seu favor, e é por isso que achamos que a intervenção da UEFA é necessária nesta competição, para que finalmente se crie uma competição de valores, justa e que para alem de divulgar consiga também honrar o futsal feminino Europeu.

 


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