Dos bons rapazes reza a história (Somos Campeões do Mundo)



Somos Campeões do Mundo de Futsal! Havia melhor forma de nos despedirmos desta geração? Havia melhor forma de nos despedirmos do melhor jogador do mundo e, quiçá de todos os tempos? Portugal foi gigante, teve alma e coração até ao último segundo – literalmente – e sucumbiu a (ex)Campeã do Mundo. As queixas e as críticas vão fazer correr muita tinta, mas no final, o primeiro título mundial ruma à Cidade do Futebol.

Três de outubro de dois mil e vinte e um, o dia que fica eternizado na história do desporto nacional. Pela primeira vez na já longa história da Federação Portuguesa de Futebol, a Seleção Nacional de Futsal disputou uma final do Campeonato do Mundo da modalidade. Em Kaunas, na Lituânia, a equipa de Jorge Braz mediu forças com a Campeã Mundial e sul-americana, a Argentina.

Para esta partida que iria decidir o novo – ou não – Campeão do Mundo, a Argentina chegava com 6 vitórias – EUA, Sérvia, Irão, Paraguai, Rússia (nos pontapés de penálti) e Brasil -, tendo marcado 26 golos e sofrido apenas 6 na competição. Já Portugal, somava 5 vitórias – Tailândia, Ilhas Salomão, Sérvia (prolongamento), Espanha (prolongamento) e Cazaquistão (pontapés de penállti) -, somando 24 golos marcados e 11 golos sofridos

No que ao histórico destas duas seleção diz respeito, os sul-americanos dominavam, claramente, a seleção portuguesa, consentindo apenas uma derrota nas cinco partidas disputadas. A última destas vitórias aconteceu em 2016, nas meias-finais do Mundial da Colômbia. Dessa partida que terminou em 5-2, resistem 9 jogadores de Portugal – Bebé, Vitor Hugo, João Matos, Bruno Coelho, Ricardinho, Cecílio, André Coelho, Miguel Ângelo e Tiago Brito (que apontou um dos dois golos de Portugal). Já da Argentina, “sobram” Sarmiento, Taborda, Borruto (marcou), Brandi (marcou), Stazonne (marcou), Rescia, Cuzzolino (marcou), Basile e Vaporari (marcou).

Para esta partida, Jorge Braz voltou a deixar de fora André Sousa e Pauleta, alinhando com Bebé; Fábio Cecílio, João Matos, Bruno Coelho e Ricardinho, que se despediu hoje de Mundiais, após 13 anos, 4 competições e 24 jogos. Já Mati Lucuix, que disputou na Lituânia o seu quarto Mundial – 2 como jogador e 1 como adjunto (foi Campeão do Mundo) – apostou em Nicolás Sarmiento; Santiago Basile, Alan Brandi, Ángel Claudino e Pablo Taborda. A equipa de arbitragem foi composta pela dupla Nurdin Bukuev (Quirguistão) e Mohamed Hassan (Egito).

Na Kaunas Arena, com os adeptos portugueses a fazerem-se ouvir, partida começou com Portugal a desferir o primeiro remate, por intermédio de Cecílio, porém a bola acabou nas mãos de Sarmiento. Aos 5’, Kiki Vaporaki testou Bebé, que lhe negou o golo por duas ocasiões. Três minutos depois, Basile rematou de longe, Bebé ainda desviou e a bola foi ao poste da baliza portuguesa. Na resposta, Tiago Brito atirou de meia distância e Sarmiento negou o golo com uma boa intervenção! Logo a seguir, Brito voltou a rematar de longe, Sarmiento defendeu e a bola bateu na parte de fora do poste.

Aos 13 minutos, a jogada mais polémica de todo o encontro. Numa disputa de bola inofensiva, icardinho levou um murro de Borruto na zona do estômago e Jorge Braz pediu o seu Challenge. Após o visionamento das imagens, a dupla de arbitragem expulsou Borruto e a Argentina iria jogar 2 minutos com menos um. Logo de seguida, Lucuix pediu o Video Support após um lance de André Coelho, que já tinha amarelo. A decisão manteve-se e André Coelho não foi admoestado. Aos 14’, Portugal trabalhou bem o 4x3 e, com a baliza aberta, Ricardinho rematou ao poste, com tudo para fazer o golo.

No minuto seguinte, eis o primeiro golo da final (0-1). Pany Varela recebeu de Tiago Brito, puxou para o meio, “dançou” perante os adversários e rematou à entrada área para o fundo das redes. Portugal estava na frente e Pany chegava aos 7 golos em 7 jogos. A Argentina não se reencontrou até ao intervalo e, aos 17’, Afonso perfurou pelo lado esquerdo, tocou para Zicky, mas o jogador do Sporting, na cara do golo, atirou ao lado. Posteriormente, o árbitro apitou para o intervalo e os jogadores recolheram às cabines, com Portugal a vencer justamente, depois de ter criado as melhores ocasiões de golo. Eis as estatísticas: 48-52 % de posse bola; 24-18 remates; 6-4 remates à baliza; 3-6 defesas; 6-5 cantos.

Já na segunda parte, aos 24’, Erick teve uma grande jogada individual e picou a bola sobre Sarmiento... mas a bola foi à trave de forma incrível. Aos 28’, Ricardinho cobrou um canto do lado direito, a bola foi pelo ar ao encontro de Pany que, sem deixar a bola cair, atirou de primeira para o 0-2! Oitavo golo de Pany e sétima assistência de Ricardinho, os numeradores máximos da competição.

Na jogada seguinte, Claudino rematou de longe, a bola ainda bateu no pé de um jogador nacional e acabou no fundo das redes. Estava relançada a partida em Kaunas, depois de Claudino fazer o seu quarto golo neste Mundial. A Argentina acreditava e, aos 31’, após uma defesa de Bebé, Matías Edelstein, com a baliza completamente à sua mercê, atirou à malha lateral. Que perdida incrível! Cinco minutos depois, Ricardinho arrancou com a bola e fez uma jogada das suas, tentou o passe para Cecílio, mas Sarmiento cortou. Depois, a bola ainda sobrou para Bruno Coelho rematar, mas a bola perdeu-se na área argentina.

A cinco minutos do fim, Ricardinho cometeu falta sobre Brandi e Portugal chegou às 5 faltas. Aos 37’, Lucuix lançou Taborda como guarda-redes avançado e o sufoco da Argentina era evidente, com Bebé e a entreajuda defensiva a manterem a vantagem no marcador. No minuto seguinte, Edelstein rematou e a bola embateu no braço de João Matos. Os argentinos solicitaram o Video Support, mas os árbitros não consideraram ser suficiente para pontapé de penálti, apesar dos imensos protestos. Já no último segundo Basile atirou ao poste da baliza de Portugal, mas a festa estava consumada e PORTUGAL É CAMPEÃO DO MUNDO DE FUTSAL!

À primeira final, o primeiro título mundial para o nosso país! Neste que foi o jogo 350 de sempre de Portugal, chegámos ao golo 1450 e assistimos à centésima vitória da era-Braz. No que toca às estatísticas do torneio, o segundo golo de Pany foi o 300.º desta edição, que viu Portugal tornar-se no quarto campeão do mundo diferente. Menção honrosa ainda para Pany Varela e João Matos, que se tornaram hoje Campeões da Europa por clubes e seleções, e Campeões do Mundo em simultâneo.

A si, caro leitor, obrigado por nos ter acompanhado nesta caminhada que começou a 12 de setembro. Foram 52 jogos, 117 amarelos, 9 vermelhos e mais de 120 horas de relatos. Em nome de toda a equipa Zona Técnica Futsal Portugal, agradecemos por ter estado desse lado. Até breve, Campeões do Mundo!!

 

Fotografia: Getty Images


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