Pais salvam clube de futsal e escrevem nova página na história de Barcouço
Pais salvam clube de futsal e escrevem nova página na história de Barcouço
Sem experiência associativa, mas com coragem, um grupo de pais impediu o fim do Futebol Clube de Barcouço e manteve viva a paixão pelo futsal na Mealhada
Em Barcouço, no concelho da Mealhada, um grupo de cerca de trinta pais recusou ver os filhos ficar sem futsal. Quando o Futebol Clube de Barcouço enfrentava sérias dificuldades financeiras e a ameaça de extinção, decidiram agir — e o resultado foi uma história inspiradora de união, voluntariado e amor ao desporto.
De quase desaparecer... a renascer com força
Com milhares de euros em dívidas e o antigo presidente emigrado, o fim parecia inevitável.
Mas há cerca de um ano e meio, um grupo de pais da formação decidiu não baixar os braços.
Entre eles, Tânia Ferreira e Ana Santos, duas das mães que arregaçaram mangas e transformaram a crise em oportunidade.
“Quando o meu filho me perguntou se o futebol ia acabar, a resposta foi imediata: não, não vai acabar. Vamos todos juntos recuperar o barco”, recorda Tânia Ferreira, que acabou por assumir a presidência do clube.
Sem experiência associativa, mas com muita determinação, os pais organizaram-se através de grupos de WhatsApp, dividiram tarefas e encontraram soluções criativas para pagar as despesas e manter o clube ativo.
De rifas a tasquinhas: o associativismo como motor
Fizeram de tudo — rifas, festas populares, tasquinhas, campanhas locais e um bar solidário em dias de treino e de jogo.
“É um acréscimo às nossas vidas, mas vale a pena. Vemos a alegria dos nossos filhos e sentimos que fizemos a diferença”, sublinha Ana Santos.
Graças a esse esforço coletivo, cerca de 30 jovens dos quatro escalões de formação continuaram a vestir a camisola do clube, mantendo o pavilhão cheio e o espírito vivo.
Um clube onde os pais são também treinadores, voluntários e família
O exemplo de dedicação acabou por contagiar todos. Jogadores e técnicos da equipa sénior, que milita na Divisão de Honra da AF Aveiro, decidiram ficar e apoiar o projeto, reforçando o sentido comunitário que define o Barcouço.
“Eles agarraram isto por causa dos filhos, mas hoje tratam todos — até os seniores — como se fossem seus filhos. Há sempre um mimo, um gesto de carinho, algo que mostra que aqui somos uma família”, contou um dos jogadores.
Mais do que futsal, uma lição de vida
O sonho agora é garantir transporte para os atletas da formação, pois são ainda os pais que os conduzem a cada jogo.
Mas, mais do que dificuldades, o FC Barcouço celebra conquistas que ficam na história: “Fizemos história, porque nunca nenhum escalão de benjamins chegou tão longe”, recorda um dos jovens jogadores, orgulhoso.
As luzes do pavilhão não se apagaram — e a esperança também não.
Em Barcouço, o futsal continua a ser mais do que um jogo: é um exemplo de união, superação e amor pelo desporto.
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