Portugal (vice-campeão do mundo) à Lupa: uma equipa construída no processo, confirmada nos números, por Pedro Catita
A Seleção Nacional Feminina de Futsal terminou o Mundial 2025 como vice-campeã do mundo, mas os números revelam muito mais do que uma medalha de prata. Revelam uma equipa dominante, consistente, agressiva na pressão, organizada com bola e eficaz na decisão, confirmando Portugal como uma potência mundial da modalidade.
Em seis jogos e 240 minutos de competição, Portugal assinou um percurso quase irrepreensível: cinco vitórias e apenas uma derrota, na final frente ao Brasil (0-3). Pelo caminho, a Equipa das Quinas marcou 37 golos e sofreu apenas 7, números que colocam a seleção entre as mais eficazes ofensivamente e mais sólidas defensivamente de todo o torneio.
Domínio desde o primeiro minuto
Portugal entrou sempre forte nos jogos. Em cinco das seis partidas, marcou o primeiro golo do encontro, construindo vantagens cedo e controlando o ritmo competitivo. Dos 37 golos marcados, 22 surgiram na primeira parte (59,5%), reflexo de uma equipa preparada para impor intensidade desde o apito inicial.
A gestão do resultado foi outro dos traços marcantes:
170 minutos em vantagem (71% do tempo total)
90 minutos a vencer por quatro ou mais golos
Apenas 30 minutos em desvantagem, todos na final
Ataque organizado, pressão e transição
A análise aos golos confirma uma identidade clara. O ataque organizado foi responsável por 16 golos (43%), com destaque para o 4x0 (10 golos) e o 3x1 (6 golos). A pressão alta produziu 8 golos (22%), enquanto o contra-ataque resultou em 6 golos (16%), mostrando uma equipa capaz de ferir o adversário em vários momentos do jogo.
Nos lances de bola parada, Portugal marcou 1 golo de canto e 2 de pontapé lateral, mas não recorreu ao guarda-redes subido, mantendo fidelidade ao jogo apoiado e estruturado.
Decisão rápida e qualidade na finalização
Os dados da finalização confirmam um futsal de decisão rápida e leitura correta:
63% dos golos de primeira
60% dos golos após passe na pré-finalização
27 golos com o pé dominante
Portugal rematou 240 vezes (média de 40 remates por jogo) para 37 golos, com 45% dos remates enquadrados, um rácio elevado para o contexto de um Campeonato do Mundo.
Solidez defensiva e segurança atrás
Defensivamente, os números são igualmente expressivos. As adversárias remataram 142 vezes (média de 23,7 por jogo) para apenas 7 golos sofridos. A guarda-redes Ana Catarina foi a jogadora com mais minutos em campo (184), assumindo papel determinante na estabilidade da equipa.
Portugal sofreu apenas 2 golos na primeira parte em todo o torneio, sinal claro de concentração defensiva e organização coletiva.
Produção repartida e grupo forte
O rendimento ofensivo foi distribuído por várias jogadoras. Lídia Moreira destacou-se como melhor marcadora (6 golos), seguida de Janice (5) e Ana Azevedo e Fifó (4). Nas assistências, Carolina Pedreira liderou com 6, confirmando a riqueza coletiva da equipa.
A gestão do grupo foi outro dos pontos fortes, com todas as jogadoras a somarem minutos, num torneio longo e exigente.
Muito mais do que uma final perdida
Portugal perdeu a final, mas ganhou estatuto, respeito internacional e a confirmação de um caminho bem traçado. Os dados mostram uma seleção dominadora, coerente, fiel a um modelo e capaz de competir ao mais alto nível sem descaracterizar o seu jogo.
O Mundial Feminino 2025 não foi apenas uma campanha de sucesso. Foi a prova estatística e competitiva de que Portugal pertence definitivamente à elite do futsal mundial.
Veja aqui todos os dados estatísticas.
Pedro Catita
Comentador/Especialista Futsal no Canal 11
Sports Data Analyst & Innovation Dptm. na empresa wTVision